domingo, 27 de novembro de 2011

Ballare comemora o sucesso da primeira temporada de DOM QUIXOTE


Montagem levou a literatura de Cervantes para o palco do Schivasappa


Mais de 150 pessoas participaram da nova montagem da Ballare, “Dom Quixote”, no último final de semana, 19 e 20 de novembro, no Teatro Margarida Schivasappa (Centur), que ficou lotado com o público que foi assistir ao espetáculo. No elenco, bailarinos e bailarinas da escola e da Ballare Cia. de Dança, além de convidados especiais: o bailarino paulista Guilherme Oliveira, primeiro bailarino da Cia. Brasileira de Dança Clássica (SP) e o ator paraense Paulo Fonseca (Paulão), do Grupo Experiência. A produção da Ballare volta em nova temporada nos dias 21 e 22 dezembro, no Theatro da Paz.
O público vai poder apreciar, novamente, uma grande produção com riqueza de detalhes nos cenários, nos figurinos e, em especial, na preparação do corpo de baile de “Dom Quixote”, ballet baseado no livro de mesmo nome de Miguel de Cervantes, mas com foco na história de Kitri e Basílio, onde os personagens Dom Quixote e Sancho Pança participam mais como observadores e coadjuvantes.  Apaixonada por Basílio, Kitri é obrigada pelo pai (Lorenzo) a se casar com um nobre comerciante (Gamacho). É quando Dom Quixote, que vive envolvido por suas fantasias com romances de cavalaria, e seu fiel escudeiro, Sancho Pança, entram na trama e ajudam a decidir o destino dos personagens.
Ballet em quatro atos criado em 1869 por Marius Petipa, “Dom Quixote” é bem movimentado e suas coreografias são inspiradas nas movimentações das danças típicas castelhanas. A versão criada por Mikhail Baryshnikov foi escolhida por Ana Rosa Crispino, diretora da Ballare, para a montagem da peça. Assim como a coreografia de Petipa, a música genial e envolvente de Léon Minkus é uma das mais famosas do mundo da dança.  
No papel principal (Kitri), as bailarinas Camila Viana, Suelen Lopes e Aliny Luz, da Ballare Cia de Dança, se revezaram nos dois dias de espetáculo, dançando com Guilherme Oliveira (Basílio), primeiro bailarino da Companhia Brasileira de Danças Clássicas, de São Paulo e com  Ronilson Cruz, da Ballare. 
Aliny Luz teve a sua estréia como primeira bailarina em um ballet completo.
Foto: Marina Nascimento
Ronilson já dança há 10 anos e conta que pela primeira vez participa de uma montagem completa de Dom Quixote. Dançar um ballet de repertório inteiro e ainda como primeiro solista, segundo ele, foi uma tarefa difícil, especialmente pelo preparo físico e teatral que o papel exige. “Foi uma oportunidade ímpar, pois representou a valorização dos bailarinos paraenses, em especial os homens, de poderem dançar os primeiros papéis”, diz ele, que recentemente conquistou, justamente com o solo de “Dom Quixote”, o primeiro lugar em variação masculina de ballet de repertório no 20° Dança Pará Festival, ocorrido mês passado.  
“A gente ensaia bastante, mas a experiência mesmo só se adquire no palco. Nesse ballet sinto um misto de emoção e nervoso”, revela Suelen Lopes, fisioterapeuta de formação que preferiu dedicar-se exclusivamente à dança, sua “paixão”, e, hoje, junto com Camila Viana, é responsável pelas turmas de ballet clássico da escola. Camila concorda com o nível de dificuldade da peça: “As cenas todas são bem movimentadas em ‘Dom Quixote’ e exigem muito dos bailarinos, mas a parte mais difícil, para mim, é a interpretação”, ressalta a bailarina.  
Na opinião de Guilherme Oliveira, “Dom Quixote” envolve muito a todos, bailarinos, atores e técnica, pelo dinamismo da peça carregada de interpretação e virtuosismo. “É um ballet de difícil execução onde os solistas quase não saem do palco. Muito virtuosa, a peça espanhola exige ‘sangue quente’ de quem a dança devido à força da coreografia e da música”, analisa o bailarino paulista, elogiando Ana Rosa por exigir o máximo de seus bailarinos, o que resulta em trabalhos de “excelência técnica”.
O ritmo mais solto e descontraído também é característica da peça, onde a sensualidade é outra marca, especialmente no momento do pas de deux dos primeiros bailarinos. O elenco estava entrosado e bem preparado, analisa Guilherme, que destaca a desenvoltura de Camila Viana, que, em sua opinião, está entre as grandes bailarinas paraenses e alcança o nível das melhores bailarinas de São Paulo.
Parceiro de Ana Rosa Crispino desde suas primeiras montagens de ballets de repertório, Guilherme também coreografou um ballet neoclássico para a companhia, denominado “Tritango”, e vai ministrar, na próxima semana, um workshop de Ballet de Repertório.
Suelen Lopes interpreta Kitri. Ao fundo, as bailarinas e os atores contracenam.
Foto: Marina Nascimento

DESAFIOS - Ao todo, cinco atores representaram personagens importantes do espetáculo, sendo dirigidos por Paulão, o Gamacho, rival de Basilio. Pedro Figueiredo, do Grupo de Teatro da Cultura Inglesa, revezou-se com Paulão no papel de Gamacho, pretendente de Kitri - que teve como Lorenzo, seu pai, o ator Kauê Cohen, do mesmo grupo teatral de Pedro.  
Segundo Guilherme Oliveira, que assinou a direção artística do espetáculo junto com Ana Rosa, o trabalho de direção de atores e bailarinos acaba sendo um só, como aconteceu na cena do “falso suicídio”, do terceiro ato, que, com 10 minutos de duração, levou cerca de duas horas para ser ensaiada e concluída.
“A participação de um ator em óperas é a que mais se aproxima do que é atuar em uma montagem de ballet”, opinou o ator Gustavo Saraiva, formado pela Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA), que interpretou Dom Quixote. “Na ópera também estamos no ritmo da música, mas ficamos mais na figuração”, acrescentou Thiago Losant, do Grupo Defenestradores de Teatro, que interpretou Sancho Pança, personagem que tem lhe desafiado: “Em um musical eu já cantei, dancei e interpretei. Aqui tenho que me expressar só com movimentos e gestos, e no tempo musical, o que é um grande desafio para qualquer ator”. 
Paulão participou, pela Ballare, da montagem de “Dom Quixote” em 2002, quando pela primeira vez foi montada no Estado do Pará a versão completa do ballet. Nada mais propício, na opinião de Ana Rosa, do que remontar o espetáculo durante as comemorações dos 10 anos da escola, inaugurada em 2001. Dessa vez, além da Ballare Cia. de Dança, todos os alunos e alunas das turmas de Ballet Clássico participaram. Na montagem histórica, de 2002, Guilherme Oliveira foi o Basílio e o bailarino cubano Manrique Acosta interpretou o papel de Espada.
Foto: Claudia Nascimento

CRESCIMENTO - “Para qualquer artista, cada apresentação é única, por isso essa remontagem tem sido mais que gratificante, pois além de novos integrantes no elenco temos aqueles que participaram da nossa primeira montagem. Entretanto, o crescimento técnico e emocional deles é visível, o que nos deixa muito feliz em saber que, a cada apresentação e montagem, nossos bailarinos estão cada vez melhores em técnica e interpretação”, comemora Ana Rosa Crispino, que faz participação especial no espetáculo como Mercedes, solista do grupo de espanholas e amiga dos protagonistas, junto com Espada – papel revezado entre Guilherme, Nonato Mello e Willame Diniz.
A direção geral do espetáculo foi de Ana Rosa Crispino, bailarina, coreógrafa e professora da Ballare Escola de Dança e professora registrada da Royal Academy of Dance, a maior organização internacional de exames de ballet clássico. A Ballare já montou outros ballets do repertório clássico, como “O Quebra Nozes” e “Coppélia”. Do espetáculo participaram todos os alunos e alunas das turmas de ballet clássico da escola, além dos bailarinos e bailarinas da Ballare Companhia de Dança.  
Ana Rosa e Guilherme como Mercedes e Espada
Foto: Manoel Pantoja
Uma sessão especial no domingo, 20, às 16 horas, foi reservada para pessoas oriundas de projetos sociais. A iniciativa de promover esta sessão é da Ballare em parceria com a Cia Arte e Produções. Kitri e Basílio foram interpretados por Aliny Luz e o paulista Guilherme Oliveira, que fez questão de participar deste espetáculo.
Ana Rosa Crispino é professora registrada da Royal Academy of Dance, a maior organização internacional de exames de ballet clássico, e a única bailarina paraense a possuir o direito de usar após o seu nome, as letras ARAD (sigla para Associate of the Royal Academy of Dance), designação concedida apenas para bailarinos que tenham adquirido sucesso no exame de Advanced 2, o mais avançado nível desta Academia. O que a credencia a fazer parte do seleto rol de ARAD’s em nosso país.
A nova temporada do espetáculo “Dom Quixote”, da Ballare Escola de Dança, com a participação de bailarinos e atores convidados, acontece nos dias 21 e 22 de dezembro de 2011, às 20 horas, no Theatro da Paz. No domingo à tarde, também haverá sessão voltada para instituições filantrópicas. 

Mais informações: (91) 3241-3182, 8408-7087 e  ballare@oi.com.br
Texto: Luciane Fiuza – Jornalista - DRT/PA 1854  

4 comentários:

Lu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lu disse...

A matéria ficou linda no blog, e adorei a seleção de fotos. "Dom Quixote" foi um belíssimo trabalho, com riqueza de técnica e de interpretação dos bailarino, bailarinas e atores. Os cenários, figurinos... enfim, tudo estava de muito bom gosto. Ana Rosa Crispino e toda a família Ballare estão de parabéns!!! Foi um prazer poder compartilhar com vocês desses momentos especiais de arte, beleza e amizade. Bjs!

Kira Aderne disse...

OLá Marina,

Te vi to Twitter e estou te seguindo! amo ballet e faço aulas aqui no Recife... dançamos Paquita em Nov. e vou para Cuba em jan. fazer curso de férias.... mas sou solista, sou uma bailarina esforçada...

Parabéns pelo espetáculo, imagino como deve ter sido lindo neste belo Teatro de Belém :)

http://www.kirafashion.com.br/

Marina Nascimento disse...

Obrigada Lu, pelo texto maravilhoso, que seja só o início de uma bela parceria.
E obrigada, querida. Belém estará sempre de portas abertas, desejo muito sucesso na sua carreira!
Beijos